Escorria dos seus olhos um rio de lágrimas
Enquanto ele cantava sua tristeza em versos
Carregava um coração repleto de mágoas
Rogando que a vida dê um retrocesso
Tomava mais uma dose jurando ser a derradeira
Tentando esquecer as coisas da vida
Mas virava a última como se fosse a primeira
Rasgando ainda mais a sua ferida
Passava horas inteiras com o olhar perdido
Procurando muitas respostas em vão
Querendo ir do inferno ao paraíso
Porém sempre acabando com o rosto no chão
Pede mais uma loira gelada para encher o copo
E o papo de bêbado já dói em seu ouvido
Secretamente ele ora para a morte chegar logo
Para não ter que fazer o que é preciso
Aos pouco a bebedeira se transforma em desespero
Rasga o seu dinheiro como se fosse louco
Bom seria se tivesse um sentimento verdadeiro
Ainda que este durasse pouco
Entre canetas e lamentos ele dança
Girando em um estilo bem próprio
Chorando descontrolado como uma criança
Tomando mais uma dose para não ficar sóbrio
Em seu silêncio mora toda tristeza
Sendo toda despejada no papiro
Tentando se contagiar por toda beleza
Evitando o encontro com o tiro
Sorri para o amigo tão falsamente
E mais uma vez enche o seu copo vazio
Bebe o conteúdo rapidamente
Para terminar o seu poema sombrio.

Ciro Rafael, 25 de janeiro de 2010.