Ao oeste.

Talvez seja mais quente lá,
Quem sabe eu tenha um lugar
A quem diga que posso me enganar
Mas só terei certeza se tentar

Posso até ter medo do que há por vir
Entretanto possuo pavor de parar
Portanto prefiro o desafio a ficar aqui
Mesmo que seja mais fácil reclamar

O desconhecido é o destino
Ter mais a aprender do que a ensinar
Arregaçar as mangas e trabalhar
Para o curso da vida mudar

Ao longe não nos escutaram chorar
Só teremos um ao outro para apoiar
Haverá muitas maneiras para vencer
Mas permanecer já significar perder

Navegaremos rumo ao oeste.

Ciro Rafael ∴, 29 de abril de 2011.

A noite negra.

Minha fiel amante
Que em encontros furtivos me traz
Me embala em gélidos braços
Beijando-me com teus secos lábios
Me perseguindo pelas escuras vias
Cercando-me em afiados farpados
Me deita em venenosos espinhos
Cobrindo-me em podres lençois
Cruelmente me rouba o sono
Jogando por terra a minha paz
Inesperadamente espanca a porta
Sem pedir licença invade meu lar
Desfaz a mesa da cozinha
Escarrando podridão em minha cara
Deixando lembranças que logo irá retornar.

Ciro Rafael ∴, 15 de fevereiro de 2011.

Samba da saudade.

É tanta saudade
Que chega a ser maldade
Todo tormento que venho a passar
Em um mundo de tanta beleza
Só vejo tristeza
Esperando a hora de você chegar

Ah se eu pudesse
E você viesse
Bem depressa me encontrar
Mas é só utopia
E o que eu queria
Era dormir para não mais acordar

Então vem chega depressa
Pois não aguento essa espera
A cada dia a me torturar
Por hora canto este samba
Assim ele me engana
E não noto o tempo passar.

Ciro Rafael ∴, 02 de janeiro de 2011.