Ajoelha-te simples criatura
Ergue teus braços em direção as alturas
Fecha teus olhos
Mantenha-te em silêncio
E ora
Ora enquanto teu peito chora
Enchendo tua boca aberta
Daquilo que tua barriga carece
Clamando pela providência divina
Já que dos homens nunca há de chegar

Triste ser de simples existência
Que sob o manto das estrelas tem que levantar
Tuas mãos calejadas
Que a enchada operas
Arando esta seca terra
Que o sol insiste em castigar
Recolhes tuas tralhas
E tomas o caminho de casa
Pois tua família esperas
O que tuas mãos vazias têm para levar

Enxugas as lágrimas
Pois nem o menino pode chorar
Que a terra espera
Pelo suor que de te escorres
Labutas forte
Sem nunca parar para descansar
E se com a morte encontrares
Não corras e lutes
Pois chegou a hora de te libertar.

Ciro Rafael, 17 de novembro de 2009.