Gritam os pequeninos
Usurpados do mundo do faz de conta
Estuprados pela sede da coroa
Rosnando ferozmente para o amigo
Rompendo a noite com seu rugido
Assassinando o próprio irmão

Pela pele as úlceras apodrecem
Escorrendo o fétido pus
Sofrendo de uma dor infinita
Tentando com as últimas forças resistir
Estirado em um leito qualquer

Fracos, os pobres soldados observam
O prato vazio posto sobre a mesa
Movendo-se aos milhares pelos dejetos
Esquadrilhando por algo para fartar-se

Montes de cadáveres a perder de vista
Obliterados pela loucura doentia dos homens
Rios de sangue que chegam à altura dos peitos
Trazendo a todos os cantos os restos desfigurados
Espalhando a mensagem do fim dos tempos.

Ciro Rafael, 07 de novembro de 2009.