Uma vez em uma viagem de avião onde o destino no atual momento não me recordo, comentei do meu medo de voar com minha irmã, pois tenho de altura, tenho até uma frase certa: -"Eu sei correr e eu sei nadar, mas eu não sei voar, na hora que eu souber eu não tenho mais medo de avião", após meu comentário ela soltou uma máxima: -"Eu não tenho medo de morrer", fato este que começou uma discursão amigável entre nós, onde ela afirmava categoricamente a frase acima.

O engraçado foi que quando ela voltava de Belém, local onde estava estudando para o vestibular, o seu avião passou por uma grande turbulência, fazendo ela tremer de medo, quando ela falou do acontecido eu logo joguei na cara dela: - "Tu ficou com medo? Medo de que? Não era você que não tinha medo de morrer?", ela então disparou: -"Eu não tenho medo de morrer?", eu: -"Então o que aconteceu?", ela: -"Ah, é que foi uma apreensão, uma agonia, eu fiquei com medo...", eu interrompendo: -"Medo? Medo de que? Se o avião caísse você não iria ficar paralítica, nem queimada, nem nada do tipo, você iria MORRER, então você ficou com medo de que?", foi na hora que ela ficou sem resposta e acabou em xingando, fazendo com que eu triunfante ganhasse o debate, algo que é comum, pois sou muito bom de argumento.

Eu falava sempre que tenho medo de morrer, o que acaba sendo meio paradoxial, vez que durante a minha vida eu desejei a morte várias vezes, demonstrando claramente minha grande covardia, já que achava muito mais fácil desistir do que continuar lutando, e lutando, e lutando até não poder mais, mesmo que no final não se consiga o real objetivo, saber perder também é uma grande virtude. Mas retornando ao medo de morrer, quando alguém me pergunta se possui tal medo eu respondo: -"É claro, eu ainda tenho muita coisa para fazer, não posso morrer ainda", é neste ponto que começa a nossa análise, será "medo da morte" ou "medo de não viver"?

O medo da morte é algo quase irracional, pois você pode nao ter certeza de quase nada nesta vida, mas da morte você tem certeza de que um dia ela chegará, quer você queria ou não, mas viver não é assim, todo homem morre, mas nem todo homem vive, a grande maioria das pessoas passam pela vida e contentam-se em meramente existir, tendo uma vida medíocre, sem fazer nada de importante, ou mesmo desafiador, ou ainda fugindo de desafios somente para viver uma vidinha certinha sem maiores preocupações, sendo para sempre um bando de ninguéns. E é disso que eu morro de medo, na verdade é um pavor que congela minha alma.

Mel Gibson, no filme "Coração Valente" ("Braveheart") falou uma das frases que marcou minha vida: -"Todo homem morre, mas nem todo homem vive" e no mesmo sentido Luis Fernando Veríssimo assim explanou: -"Embora quem quase morre esteja vivo, quem quase vive já morreu", viver é algo para poucos, a grande maioria somente existe, e este meus caros leitores é o maior pavor de toda minha vida, eu não quero meramente existir ou sobreviver, eu quero VIVER, quero poder sorrir até minha cabeça e boca ficarem doendo, quero poder chorar até o rosto inchar, quero poder gritar de alegria, quero poder sangrar, quero poder cair, quero poder logo em seguida levantar, quero enfrentar meus medos, quero poder apanhar, quero poder bater, quero poder amar, quero poder sofrer, quero novamente amar, quero lutar, quero aprender, quero ganhar, quero aprender a perder, quero correr rumo ao desconhecido, quero o impossível, quero não ter medo, quero VIVER, pois somente assim estarei pronto para o dia que irei desencarnar, sabendo que fui um homem de verdade e não só mais um merda.

Vida, Viva, Vida.

P.S.: Dedico este post ao meu grande amigo Dickson, por ter sido homem e mesmo todos sendo contra (até eu mesmo) ele continuou enfrentando e está correndo atrás de seus sonhos, eu já fui assim meu grande amigo, e sonho com o dia que eu voltarei a ser, meus parabens. Boa sorte meu grande amigo, você não imagina como eu o invejo.