Deitado em luxuosos lençóis
Espio a mulher ao lado
Uma a mais com mil nomes e rostos
Sentindo ao fim o vazio que corroe meu ser
Sentando-me a beira da cama
Acendo um cigarro
Baforando todos os meus sentimentos
Em detrimento da rígida razão
Quisera eu estar em outro lugar
Um dia em um longe passado
A alegria ainda havia em mim
Neste momento desperto de meu delírio
Tomando um longo banho
Onde a água não conseguiu limpar a profunda impureza
Encolho minha mão em direção ao peito
Sinto o pulsar ainda no antigo ritmo
Tolhas limpas sobre ao box
A saudade faz minha mente novamente voar
Relembrando aquela maldita canção
Sei que esta solução não funciona para mim
Entretanto, na minha atual situação
Não tenho outra ao alcance de meus braços
Deito-me novamente e volto a olhá-la
Observando desta vez cada detalhe
De certo é uma linda mulher
Infelizmente é impossível não comparar
Ficando claro, não é o mesmo cheiro nem mesmo o toque
Idéias mil vêm à cabeça
Calado, respiro fundo mais uma vez
Impostor é o que realmente sou
Levanto-me em direção ao espelho refletindo quem não quero ver.

Ciro Rafael, 24 de maio de 2009.

(Nota do Autor: Este é um acróstico bem antigo meu, para quem não sabe, acróstico são poemas em que a primeira letra de cada verso forma uma "mensagem escondida" quando lidas na vertical, este é um de meus poemas favoritos, tem uma força, um sentimento que grita, ele é magnífico, espero que vocês gostem, apesar que eu duvido muito que alguém olhe isto aqui senão quando eu dou uma bela de uma pressão. Um beijo para todos, Ciro Rafael.)

P.S.: O próximo post será especial, será o meu post número 100, esperem por algo bem legal, ou não.