Tecendo meus passos
Desempenho um dança errante
Jogando-me em caminhos
De diversas camas a todo estante
E apesar de preencher os espaços
O vácuo insiste em gritar
De forma permanente e insaciável
Bem na hora de fumar

Com o som ao máximo
Os pensamentos rodam mundo a fora
Chorando e sorrindo
De todos os fatos de outrora
Abro bem os braços
Na esperança de aprender voar
Sentir o vento beijar meu rosto
Pairando por onde ele tem que me levar

O copo posto sob a mesa
Deixo escorrer a última dose
Não sei se agradeço ou praguejo
Por esta dúbia sorte
Não tenho destinação alguma
Ao precioso presente dado
Talvez seja melhor deixá-lo
Aos carinhosos braços do acaso

Na cama de lírios
Deito-me até pegar no sono
Mais uma bela amostra
Do gigantesco território sem dono
A musica está alta
E a dança tem que continuar
Mas sempre de olhos nos passos
Pois ainda tenho medo de tropeçar.

Ciro Rafael, 01 de outubro de 2009.