A chaga encontra-se aberta
Imortal ferida de dura cicatrização
Na alma profundamente machucada
De lagrimas e promessas formadas
Ainda jazem no interior do peito
Da máscara forte forjada
Os restos remanescentes mal cobrem a face
Impura mentira ensaiada
Muitas vezes repetida para própria compreensão
Urra o desejo reprimido
Impaciente pela tentativa de fuga do cárcere
Trancafiado em pena perpétua
O pobre sentimento esquecido
Padecendo sob o eterno negar
O duro fato em sua cara esfrega
Revelando a verdade descrita
Que a vontade do guerreiro é infinita
Última estrela antes da alvorada
Entretanto contra esta besta nada pode fazer
A morte é o destino certo
Irredutível em todo caminhar
Na madrugada os olhos mareiam
Da dor pelo que no seio sente
A infelicidade que tem que se conformar
Tentando lutar ainda resiste o sobrevivente
Enfrentando penosa evasão para o sol encarar
Amostra de poderosa resistência
Maltratando o seu fraco carcereiro
O tempo todo sem descansar.

Ciro Rafael, 14 de setembro de 2009.