Amanhece a aurora de novo dia
A luz penetrante cega os infantis olhos
Decretando a contagem do impetuoso tempo
Tempo, palavra chave que destranca o aflito coração
Insistindo em bater um peito ferido
Calejado pela mão da aleivosia
Que ainda como ultimo recurso
Tenta aprisionar o impúbere espírito
Sedento da liberdade de outrora
Renegada pela ilusória promessa da felicidade eterna
Tolo menino jogado ao vão vazio de sua inóspita alma
Tateando pelo chão de espinhos
Em busca da chave do calabouço
Construído por suas próprias mãos
Temendo o gigante mundo lá fora
Mas o tempo corre
Sem jamais oferecer uma carona nem um cigarro
Nem um beijo muito menos um afago
E molhando o rosto
Parado em frente à porta
Ele observa a grande luz
Sem saber onde irá chegar.

Ciro Rafael, 13 de maio de 2009.