Durante toda minha breve vida tive vários medos, dos mais comuns como a Acrofobia (medo de altura), aos meus "maiores e reais" temores como a Cacorrafiofobia (medo do fracasso) e a Isolofobia (medo da solidão). Já decorri inúmeras vezes sobre estes assuntos aqui no ninho, principalmente sobre a Cacorrafiofobia, este então é sobre segunda.

Minha vida inteira tive pavor de ficar só, quando pequeno não era um cara muito popular (e para falar a verdade acho que ainda não sou). Sendo assim sempre fui muito solitário, mas nunca me acostumeir com esta situação, sempre lutei contra este fato, sempre procurei fazer as pessoas gostarem de mim.

Entretanto tal atitude acabou saindo pela culatra. Sempre fui um rapaz tímido, fechado, que não se abria com ninguém, como devi-se imaginar tal figura não ganharia nenhum concurso de popularidade. Com a pura finalidade de reverter tal situação eu comecei a falar demais, ser "expontâneo" demais, agir antes de pensar e tais atitudes acabaram passando para as pessoas uma impressão que jamais desejei para mim mesmo, algo que veio a prejudicar-me para o resto de minha vida, passei a ser um "Doido".

No início tal estígma veio a calhar, pois de completo invisível passei a ser notado. Todavia, conforme aprendi com o decorrer do tempo, notado não quer dizer amado. Ações que acabo tomando achando que estou agradando são as responsáveis justamente por afastar as pessoas de mim, já que elas acabam tendo medo de envolver com um cara como eu.

Já tentei consertar a situação, indagando "certas" pessoas para saber o que de tão insano faço para que possa ser julgado doido, só que elas não sabem responder. Uma então me deixou muito feliz e triste ao mesmo tempo quando disse: "Ciro é o cara PERFEITO PARA NAMORAR, pena que ele é doido". Eu perguntei para ela inúmeras vezes para ela me explicar essa frase (principalmente a segunda parte), só que ela infelizmente nunca me deu uma resposta que eu pudesse aproveitar.

Eu não sei se choro ou se começo a sorrir dessa tragédia, o que começou justamente como uma medida para trazer as pessoas para mim foi justamente o responsável por afastá-las. Isso é uma prova de o homem realmente é o produto do meio. Todos os dias nos moldamos para nos adequar aos padrões aceitáveis em uma sociedade, porém neste processo acabamos nos reprimido, trancafiando ferozmente grande parte do que realmente somos. No fim a grande verdade é que ninguém é aquilo que quer ser.

Tal situação cria atores sempre usando máscaras, mas o que acontece quando o seu "personagem" encontra com o ser "verdadeiro ser"? Isso acontece comigo pelo menos uma vez por semana, pra ser mais exato no maldito dia de domingo.Este sem sombra de dúvida é o pior dia da semana, é quando me sinto mais sozinho, neste dia eu sinto quase como se fosse enlouquecer, me isolo completamente, não gosto de trocar nenhuma palavra com ninguém, passo o dia todo mal humorado. A melhor definição para isto é como se fosse uma guerra dentro de mim, e no domingo o verdadeiro eu ganha.

Resumindo, pelo meu pavor da solidão (o que é evidente, tanto que já escrevi no mínimo uns 10 poemas sobre este assunto), eu mudei completamente só que infelizmente falhei. Sendo assim nos últimos dias venho tendo uma profunda reflexão: "Vim para este mundo só e sairei dele na mesma forma, então junto com a morte a solidão é o único fato certo em minha vida. Nesta via, é bom acabar com esta boiolagem e se acostumar com isto de uma vez por todas".

Estou só e sou só. É isso, simples, talvez abraçando de uma vez por todas a minha situação eu pare de perder tempo e energia lutando uma causa perdida e lutar batalhas que realmente valham a pena, como progredir na carreira, poder, dinheiro essas coisas aí...

Só que um fato me vem a cabeça: se você é um cara solitário pra que diabos você quer ter tanto dinheiro e poder? Só pra gastar em cabaré? O dinheiro só tem sentido se for para dar o conforto para as pessoas que amamos e o poder só serve para proteger as pessoas que amamos, se você não as tem você não precisa de tanto assim, uma quantidade razoável para manter o mínimo de conforto já está bom demais.

Se o mundo fosse um lugar perfeito onde todos poderiam ser tudo aquilo que realmente queriam ser, como em um mundo anárquico, eu seria bem mais calado e centrado e tudo que eu faria era subir em uma moto e dirigir estrada a fora até onde a grana para a gasolina permitisse ir, se desse sorte, iria parar na divisa entre a Itália e a França, onde compraria uma pequena vinícola e abriria um pequeno restaurante. Assim viveria uma vida simples bebendo meus próprios vinhos e comendo de minha própria comida até o fim de meus dias. Ia ser um belo fim, realmente um grande final.